terça-feira, 3 de abril de 2007

Humor-definir o indefínivel!

História:

Para o pensamento antigo, de acordo com a célebre “teoria dos humores”, atribuída a Hipócrates (séc.V a.C.), existiam no corpo humano quatro líquidos ou humores (sangue, bílis negra, bílis amarela e fleuma) relacionados não só com quatro órgãos secretórios (coração, baço, fígado e cérebro) mas também com quatro elementos cósmicos (ar, terra, fogo e água). Seria o predomínio de um desses humores que determinaria o temperamento de cada ser humano, distinguindo-se os seguintes: sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático, tendo perdurado no tempo até ao sec.XVII.
No século seguinte, a palavra humor começou a ser utilizada em Inglaterra no sentido que, de uma forma geral, lhe é atribuído actualmente. O humor assume uma atitude implícita do Homem perante a vida e si próprio enquanto ser humano, pressupondo a consciência do seu carácter ridículo mas também sublime. O humor adquiriu densidade literária em Inglaterra no decurso do século XVIII .
No panorama literário do séc. XIX, ocupou lugar de destaque aquela que é considerada por vários críticos como a obra-prima do humorismo britânico: The Pickwick Papers, de Charles Dickens.
Nos últimos anos da era vitoriana, a ironia e o paradoxo aliaram-se ao humor.
Actualmente, no contexto literário, o humor é fundamentalmente a capacidade de exprimir as excentricidades de determinada acção ou situação que são susceptíveis de provocar o riso. Contudo, apesar de afirmar ou denunciar aquilo que é potencialmente risível, o humor não é forçosamente alegre, mas pode ser decerto uma arma literária «vigorosa».


Uns acham que o possuem e outros humorizam a sua falta.
Uns preferem o simples e outros o rebuscado.
Uns fazem-no incidindo sobre os outros e outros incidem sobre si mesmos.Em suma, este ser indefinível, teve várias tentativas filosóficas de definição, mas concordando com algumas ou rejeitando-as todas, o que ninguém pode dar é uma definição completamente ampla sobre o que é o HUMOR.


Algumas defenições:

  • Nada mais humorístico do que o próprio humor, quando pretende definir-se (Friedrich Hebbel).
  • Definir o humor é como pretender pregar a asa de uma borboleta usando como alfinete um poste de telégrafo (Enrique Jardiel Poncela).
  • Humor é a maneira imprevisível, certa e filosófica de ver as coisas (Monteiro Lobato).
  • O humorismo é o inverso da ironia (Bergson).
  • O humorismo é o único momento sério e sobretudo sincero da nossa quotidiana mentira (G. D. Leoni).
  • O humor é o único meio de não sermos tomados a sério, mesmo quando dizemos coisas sérias: que é o ideal do escritor (M. Bontempelli).
  • O espírito ri das coisas. O humor ri com elas (Carlyle).
  • A fonte secreta do humor não é a alegria, mas a mágoa, a aflição, o sofrimento. Não há humor no céu (Mark Twain).
  • O humor é uma caricatura da tristeza (Pierre Daninos).
  • O humorismo é dom do coração e não do espírito (L. Boerne).
  • O humorismo é a arte de virar no avesso, repentinamente, o manto da aparência para por à mostra o forro da verdade (L. Folgore).
  • O humor tem não só algo de liberador, análogo nisso ao espirituoso e ao cômico, mas também algo de sublime e elevado (Freud).
  • Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espécies de humorismo: o trágico e o cômico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o cômico é o que é verdadeiramente trágico para se fazer (Leon Eliachar).(*)

(*)Definição laureada com o primeiro prêmio ("PALMA DE OURO") na IX Exposição Internacional de Humorismo realizada na Europa — Bordighera, Itália, 1956.

1 comentário:

Pedro Gonçalves disse...

O humor é isto e nada mais.